Só no distrito de Ancuabe: Pelo menos 89 elefantes foram mortos por furtivos nos últimos 18 meses

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12 November 2013
Há 105 Km da cidade de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, está situado o distrito de Ancuabe, dentro do qual encontra-se o acampamento turístico Taratibo. Ancuabe está dentro do Parque Nacional das Quirimbas. Taratibo, uma concessão de cerca de 35,000 hectares, é propriedade do Sr. Jabobs Von Landsberg, residente nesta localidade há 22 anos, período dedicado a protecção e conservação do elefante, através de recursos próprios.

Com semblante visivelmente emocionado, Jacobs narra que nos últimos 18 meses foram mortos só na sua concessão, pelo menos 89 elefantes, o último dos quais, abatido no último mês de Agosto, encontrava-se em recuperação de um ferimento infligido por caçadores furtivos. “Investimos muito dinheiro para o tratamento daquele elefante, e nos últimos meses apresentava-se bem saudável e vinha quase todos os dias visitar-me no acampamento, infelizmente os furtivos silenciaram-no para sempre, tudo por causa do seu marfim”, afirmou Jacobs, mostrando a bala que abateu o elefante, e que a guarda com muita amargura.

Segundo Jacobs, esta situação afecta directamente a actividade e rendimentos do seu acampamento, que na altura em que abundavam elefantes recebia cerca de seis (6) turistas por mês, sendo que neste momento o acampamento está há seis (6) meses sem receber nenhum turista.

Dinis Aly, trabalhador de Taratibo há 16 anos, afirma que entre 2007 e 2008, antes da “invasão” da área pelos furtivos em grande escala, havia um grande número de elefantes (cerca de 150), o que atraia muitos turistas para o acampamento, porém, a situação mudou bastante nos últimos anos.

“Desde que os furtivos chegaram nesta área, o número de elefantes reduziu drasticamente, e por conseguinte, o número de turistas também reduziu de forma vertiginosa. Neste momento estamos todos com medo porque não sabemos se iremos continuar a trabalhar nos próximos tempos; se não há cliente, para quem ficaremos a trabalhar? Agora o nosso patrão traz dinheiro de outro sítio para pagar os nossos salários, e se isto continuar assim, acho que ele vai ter que nos dispensar”, desabafou Aly.

Neste momento estão empregues no Taratibo, 15 pessoas, das quais 8 são fiscais, que trabalham em colaboração com os fiscais do Parque Nacional das Quirimbas, e 7 trabalham em outras áreas como cozinha, limpeza e manutenção do acampamento. Portanto, se o cenário da caça furtiva continuar a este ritmo, cerca de 15 famílias poderão ficar sem o seu sustento.

Jacobs referiu que neste momento existem na sua concessão apenas cerca de 25 elefantes, todos menores, entre 3 a 5 anos de idade, o que dificulta a sua adaptação ao meio e ao modo de vida, visto que perderam as suas mães, que normalmente servem de fontes de transmissão de conhecimento e hábitos aos elefantes menores.

O número de elefantes nesta área vinha crescendo progressivamente desde o fim da guerra civil em Moçambique, nos anos 90. Em 2002 foi criado o Parque Nacional das Quirimbas e parte da concessão de Jacobs acabou abrangida pelo parque. Prontamente ele estabeleceu parceria com o parque para o controlo e gestão desta área. O número de elefantes continuou aumentando. No entanto, agora a situação não é a mesma. Os caçadores furtivos sofisticaram as suas redes de informadores, muito dinheiro foi colocado à disposição neste negócio obscuro, de forma que os incentivos compensem os riscos, armas e munições estão facilmente disponíveis para eles. Por vezes os furtivos estão melhor armados que os fiscais do parque. A situação também mostra alguma interferência burocrática na qualidade do fortalecimento da lei. Relatou Jacobs

Por Alvo Ofumane

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