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Dia Mundial do Polvo - A sua importância para o Mundo, para Moçambique e para o WWF Moçambique

8 de Outubro assinala o Dia Mundial do Polvo, uma data não escolhida de forma aleatória, escolhida em alusão aos seus oito tentáculos e que convida a refletir sobre a importância ecológica e socioeconómica deste fascinante animal.

O polvo é um símbolo de inteligência e adaptação

Sabias que ele tem três corações, sangue azul e uma pele “pixelada” e milhões de cromatóforos e tem a capacidade de mudar de cor e textura em milissegundos, domina a camuflagem, usa “ferramentas” e resolve alguns problemas complexos fora o facto das suas capacidades ajudarem no equilíbrio de vários ecossistemas marinhos e costeiros.

Globalmente, a produção de polvo já ultrapassa as 500 mil toneladas anuais, reflectindo a sua relevância para a gastronomia, o comércio e os meios de vida costeiros e abrindo um debate urgente sobre gestão sustentável das pescarias.

O caso de Moçambique

Em Moçambique, o polvo é parte do quotidiano de milhares de famílias pesqueiras do Norte ao Centro, em especial no Parque Nacional das Quirimbas (PNQ) e noutras áreas costeiras prioritárias. Para além do valor nutricional e cultural, o polvo oferece renda rápida às pescadoras e pescadores de pequena escala mas a pressão sobre o animal e seu habitat natural exige medidas de gestão adaptativa que combinem ciência, governança comunitária e fiscalização efectiva. O Plano Estratégico do WWF Moçambique sublinha precisamente a necessidade de fortalecer a conservação marinha com envolvimento comunitário e medidas regulatórias inteligentes.

                      

Vedas temporárias do polvo no Parque Nacional Quirimbas: como funcionam e o que mudou

A abordagem das vedas temporárias é simples, eficiente, participativa e passa por garantir que:

  • Haja um proceesso de seleção comunitária das áreas de veda com base no conhecimento e participação das comunidades locais;
  • Que se estebaleça um período de veda compreendido entre 2 à 3 meses sendo que a primeira pode ir até 6, para permitir crescimento e recrutamento do polvo;
  • Delimitação clara e monitoria local para garantir o cumprimento e efectividade;
  • Reabertura com regras e calendários bem definidos.

Um caminho que ganhou corpo com o Projecto BENGO

A consolidação do sistema de veda temporária do polvo no PNQ ganhou impulso e escala no âmbito do Projecto BENGO, que estruturou a actuação do WWF Moçambique na zona, em articulação com parceiros e autoridades locais e governamentais.

Marcos e resultados registados pelo WWF Moçambique

  • Inauguração oficial de fechos do polvo nas ilhas Ibo, Matemo e Quirimba representaram um passo simbólico para legitimar a governança local.
  • Demarcação de quatro locais de veda e reforço da monitoria, integrando a recolha de dados ecológicos e de esforço de pesca.
  • Desenho operacional: fechos típicos de 400–500 ha, com períodos de veda definidos pelas comunidades e vigilância reforçada em no-take zones existentes.
  • Ganhos socioecológicos: em 2018, os registos do escritório do WWF em Moçambique documentam aumento ~100% nas capturas (incluindo 4,3 toneladas de polvo) nas áreas alvo, após ciclos de fecho e reabertura — um sinal de recuperação dos bancos e de melhoria do rendimento familiar.
  • Gestão por área: em 2020, o WWF facilitou a reabertura de ~1.460 ha de fechos do polvo no PNQ, mostrando escala e continuidade da abordagem.

Em síntese: as vedas temporárias funcionam como “poupança ecológica”: param, deixam crescer, e depois colhem melhor e de forma mais sustentável criando assim um ciclo que restaura a disponibilidade e melhora o rendimento das famílias pescadoras.

Para celebrar hoje e manter amanhã

No Dia Mundial do Polvo, devemos nos recordar que celebrar é proteger: escolher o consumo responsável e valorizar o trabalho das comunidades que guardam o mar é esseencial. A experiência do Parque Nacional das Quirimbas mostra que, quando comunidades, governo e a sociedade civil remam na mesma direção, o resultado é um oceano mais resiliente, pesca mais sustentável e pratos cheios hoje e no futuro.

© WWF Mozambique
Parque Nacional das Quirimbas