A triste história do massacre de elefantes na Reserva de Taratibu

Posted on
22 November 2016
Nas entranhas do Distrito de Ancuabe, há sensivelmente 160 km da Cidade de Pemba, em Cabo-Delgado, um lugar mágico, cheio de vida e de paisagens deslumbrantes preenche o entusiasmo de qualquer visitante: é a Reserva de Taratibu, parte do extenso Parque Nacional das Quirimbas. Comporta uma área de cerca de 35000 hectares e um acampamento, uma concessão dada ao sul-africano Jacobus J. Von Landsberg, o auto-intitulado “embaixador dos elefantes de Taratibu”.

Jacob nasceu no Quénia, mas é na África do Sul onde cresceu. Está em Moçambique há 24 anos. É gestor do acampamento que, há alguns anos atrás, recebia turistas que se faziam à Reserva de Taratibu. Hoje, é um homem infeliz e a sua tristeza vislumbra-se na sua cara. Diz ele que nos últimos anos Taratibu virou alvo de uma chacina de elefantes por parte de caçadores furtivos, o que levou ao desaparecimento de quase toda a população daquela espécie.

Aliás, o acampamento de Jacob virou agora um cemitério de mandíbulas de elefantes que ele recolhe das matas, “para mostrar ao mundo, para que toda a gente possa testemunhar o massacre”. No acampamento dele, há mandíbulas de elefantes adultos, de juvenis e de bebês. 

Alguns nasceram quando a mãe grávida foi morta. Os jovens são mortos principalmente para que as mães não fujam e se tornem alvos fáceis para os caçadores. Com lágrima no canto do olho, Jacob diz que o número de turistas que escalava a reserva e o seu acampamento, para testemunhar uma das maravilhas da natureza, caiu drasticamente e fala em 200 mil usd de prejuízo.

“Agora só me resta diminuir o número de trabalhadores e pensar no que fazer”, explica ele, adiantando que os cerca de 200 elefantes que existiam no Parque, eram a maior atracção dos turistas.

“Agora devem restar uns 30 elefantes na reserva”, afirma Jacob, que avança que poderá não ser embaixador por muito mais tempo. “Mais cedo, não haverá elefantes para mostrar”, tendo em conta que “os sobreviventes, na sua maioria jovens, estão a vaguear, sem rumo, sem memória adulta para identificar as rotas e as fontes de água”.

Taratibu tem uma beleza de fazer inveja. Além da paisagem, composta maioritariamente por montanhas que serpenteam a área, tem uma abundância de flora incrivelmente linda. Inclui floresta, riachos com anfíbios e répteis, entre outros.  Para além da perfeita combinação entre flora e fauna, Taratibu é uma verdadeira incursão a história: a primeira base militar da luta pela independência, Chaimite, encontra-se no seu interior.

No local, os visitantes podem fazer uma subida de 327 m de altura desde o acampamento (Bushcamp), até ao próximo da montanha mais alta (500m de altitude). A vista do topo é algo impressionante.
“Mas isso só não é suficiente para atrair turistas”, explica o fiscal da reserva. Segundo ele, os caçadores furtivos, com redes sofisticadas de informantes, dinheiro disponível para custear os riscos, disponibilidade de armas e munições, estão a acabar com o turismo em Taratibu. 

“Os caçadores furtivos são melhor armados do que os guardas do parque”, conclui o fiscal. 

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