A WWF e a USAID lançam o Programa Khetha

Posted on
23 March 2018
A World Wide Fund for Nature (WWF) e a Agência Norte Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) estão a lançar um novo programa para abordar a questão do desaparecimento contínuo das espécies icónicas da fauna bravia em África - o elefante e o rinoceronte - causado pelo tráfico da fauna bravia.
A Àrea de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo (ACTFGL) na África do Sul, Moçambique e Zimbabwe continua a ser uma área preocupante com elevados níveis de caça furtiva do rinoceronte e ameaças contínuas de caça furtiva de elefantes para a obtenção do marfim. As comunidades que vivem na ACTFGL e arredores não só têm que carregar o fardo de viver com os animais selvagens, mas também continuam a receber poucos benefícios provenientes da fauna bravia. Adicionalmente, estas comunidades estão cada vez mais expostas a sindicatos de crime que ameaçam a estabilidade social e a segurança na comunidade. Com acesso limitado ao emprego ou outros meios de rendimento, juntamente com uma relação muitas vezes conflictuosa com a fauna bravia, os membros da comunidade - especialmente homens jovens - envolvem-se no tráfico ilegal de fauna bravia.

O programa Khetha reconhece o papel da fiscalização específica para lidar com sindicatos de tráfico da fauna bravia, mas isto não é suficiente para combater o tráfico e que as comunidades arredores das áreas protegidas desempenham um papel crítico na prevenção e combate do tráfico da fauna bravia. O programa Khetha vai trabalhar com vários parceiros nas quatro áreas principais arredores da ACTFGL para perceber melhor os impulsionadores do tráfico da fauna bravia dentro destas comunidades, criar e fortalecer relações e confiança entre comunidades, sociedade civil, sector privado e agências de aplicação da lei. O programa vai apoiar as iniciativas existentes e desenvolver novas iniciativas para promover o envolvimento da comunidade e benefícios da fauna bravia e da conservação. O programa Khetha vai trabalhar simultaneamente com agências de aplicação da lei da África do Sul e Moçambique para aumentar a eficácia na prevenção, detecção, apreensão, processamento penal e colaboração em matéria da fauna bravia, através de pesquisas, desenvolvimento de ferramentas e formações.

Os parceiros do programa Khetha incluem a WWF-África do Sul, a WWF-Moçambique, a TRAFFIC, o Endangered Wildlife Trust (EWT) e a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), bem como os governos de Moçambique e África do Sul, em particular o Departamento de Assuntos Ambientais (DEA), os Parques Nacionais Sul Africanos (SANParks) e a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) e a Procuradoria-Geral da República de Moçambique (PGR).

Na perspectiva da ANAC, o Programa Khetha constitui uma grande oportunidade para alavancar as capacidades da instituição na realização das actividades prioritárias, tanto no domínio da fiscalização assim como no que concerne ao sector de desenvolvimento comunitário. Por outro lado, porque o programa tem uma dimensão transfronteiriça é importante assegurar que as prioridades do programa impulsionem os resultados dos compromissos assumidos no âmbito da cooperação entre Moçambique e África do Sul no domínio da gestão da biodiversidade nas áreas que abrangem o Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo, concretamente entre o Parque Nacional do Limpopo e o Parque Nacional do Kruger.

Outra área relevante é a cooperação interinstitucional pois, o programa tem a missão de assegurar a participação activa e de forma coordenada dos principais actores neste processo de conservação dos recursos naturais naquela região, nomeadamente: ANAC, a Procuradoria-Geral da Republica e lideranças locais para resolver os problemas da caça furtiva e implementação de programa de geração renda nas comunidades.

A Senhora Doreen Robinson, Chefe Regional para o Ambiente na USAID para Africa Austral, disse: “A nossa visão para o programa Khetha é mudar as relações entre a população e a natureza na paisagem para uma situação onde mais pessoas que vivem com a fauna bravia recebem benefícios reais e são igualmente a longo prazo parceiros de conservação. Com os parceiros certos e novas formas de pensar e actuar isto pode ser alcançável.”

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